Eu nunca fui de perder uma noite, mas aquela de 67, que esperei tanto, ficou no tempo parado de um Dauphine Azul enguiçado no meio do caminho.
Na indecisão de quem não consegue deixar para traz coisas paradas, fiquei no lugar reservado aos catadores de vento --- e na avenida 23 de Maio o vento morno e esfumaçado dava um enjôo nervoso.
O teatro da TV Record tão perto e eu tão longe do desapego a um carro que me fazia velho, enquanto o mundo novo subia ao palco.
Aos vinte e poucos anos senti que minha vez e hora jamais chegariam se não me largasse de mim e sem lenço, sem documento, me atirasse na Roda Viva de um Domingo no Parque e que no meu desalento houvesse um Ponteio de Alegria, Alegria.
Deixei o Dauphine na avenida, mas cheguei tarde e perdi Uma Noite em 67. Mas, juro que não perco mais. Não tenho mais o Dauphine Azul (uma informação exclusiva para meu amigo Edgard Soares). Também não tenho as mesmas noites. Por isso mesmo é que vou ver o filme de Renato Terra e Ricardo Calil, que faz renascer das cinzas de todos os cigarros da Década de 60 quem é Fenix em nossa MPB.
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