Reencontrei na minha saudade dona Zilá, uma mulher que veio de Oásis distantes para povoar a minha infância.
Ela contava histórias da janela.
E junto com histórias criava o jogo da sabedoria.
A uma pergunta sua, as crianças aprendiam a responder e completar em coro o sentido da frase.
--- O que vale mais que um leão preguiçoso?
--- Um cão esperto, gritavam as crianças.
--- E quem compra o que não precisa?
--- Vende o que precisa.
--- E se um cachorro morde o homem?
--- O homem não morde o cachorro.
--- E quem o demônio adora?
--- Adora o homem, seu criador.
Dona Zilá também puxava versos silenciosos da memória e criava canções que engrandeciam os campos à vista e faziam dançar suavemente as copas de palmeiras distantes.
"Vim, não sei de onde.
Todavia, eu vim.
E vi, diante de mim, um caminho. E caminhei.
E continuarei indo, quer queiram, quer não.
De onde vim? Como vi meu caminho?
Não sei"
Um dos seus conselhos inesquecíveis:
--- Sejam delicados com a vida. Para os brutos, a prisão de ventre é o castigo.
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