terça-feira, 7 de setembro de 2010

A SABEDORIA DE DONA ZILÁ


Reencontrei na minha saudade dona Zilá, uma mulher que veio de Oásis distantes para povoar a minha infância.

Ela contava histórias da janela.

E junto com histórias criava o jogo da sabedoria.

A uma pergunta sua, as crianças aprendiam a responder e completar em coro o sentido da frase.

--- O que vale mais que um leão preguiçoso?

--- Um cão esperto, gritavam as crianças.

--- E quem compra o que não precisa?

--- Vende o que precisa.

--- E se um cachorro morde o homem?

--- O homem não morde o cachorro.

--- E quem o demônio adora?

--- Adora o homem, seu criador.

Dona Zilá também puxava versos silenciosos da memória e criava canções que engrandeciam os campos à vista e faziam dançar suavemente as copas de palmeiras distantes.

"Vim, não sei de onde.

Todavia, eu vim.

E vi, diante de mim, um caminho. E caminhei.

E continuarei indo, quer queiram, quer não.

De onde vim? Como vi meu caminho?

Não sei"

Um dos seus conselhos inesquecíveis:

--- Sejam delicados com a vida. Para os brutos, a prisão de ventre é o castigo.

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